terça-feira, 19 de maio de 2009

Paradoxos do nosso tempo

Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde,acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo,mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas 'mágicas'.
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre.
Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo,pois não lhe custa um centavo sequer.
Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companheira(o) e às pessoas que ama,mais em primeiro lugar, se ame... se ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor,quando vêm de lá de dentro.
Por isso, valorize sua familia, seus amores, seus amigos, a pessoa que lhe ama...
E, aquelas que estão ao seu lado, sempre..!
       George Carlin

domingo, 17 de maio de 2009

Os fins justificam os meios?

Numa escola pública norte-americana estava ocorrendo uma situação inusitada: uma turma de meninas de 12 anos que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o excesso. O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom...
Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora. No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram...
No outro dia, o diretor juntou o bando de meninas e o zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho.
O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho.
Nunca mais apareceram marcas no espelho...
Moral da história: Há professores e há educadores...
Comunicar é sempre um desafio.
As vezes precisamos usar métodos diferentes para alcançar os resultados certos.
As vezes!

Balançando

Balançando eu não me equilibro, só demonstro, quando passo pelo centro que estou indo na outra direção

Muitas vezes ouvi a pergunta: Porque? Por que continuar o que está acabado, não é melhor fazer um novo? Ficar retocando, tentando modificar coisas que pra mim são imperfeições ou possibilidades de alcançar uma perfeição que sugira um recomeço da convivência com o ideal.

É um sentimento dúbio, fazer outro porque este está acabado ou continuar porque é uma continuação. É verdade, também é uma redundância.

O equilíbrio é uma sensação dúbia. Eu posso provocá-lo ou posso encontrá-lo. Depende de quando e de como estou me sentindo. E a continuação depende desse sentimento, parece. Quando eu provoco, existe um poder implícito e, de novo, a sensação de bem estar, de onipotencia me deixa isento da dor das mazelas do mundo. Mas são muitas as dores e a onipotencia é uma só. O dreno de energia causado por sustentar essa posição de “deus” é enorme e quanto menos “deus” eu fico mais a balança, ou menos o equilibrio existe. Mais força eu preciso tirar do outro para ficar estabilizado. Mas se o outro, está desiquilibrado, menos é provável que nossa combinação continue a funcionar. Dois desiquilibrios convivendo juntos, impossível não terminar em distância, dor e solidão.

Das nossas afinidades, todas cristalinas, à flor da pele, visíveis para qualquer um , em mim, nela, no caso, ou nos dois, quando confrontadas com as nossas necessidades ocultas, nasce esse sentimento de ligações extra vida, cósmicas, espirituais – dê o nome que achar melhor. Mas parece que das afinidades que nos conecta de forma tão bonita e indivisível, o efeito colateral é que nos desviamos doque realmente é preciso pra recuperar a energia perdida por representar um papel, em parecer o que não somos. Pessoas fortes o suficiente pra sermos nós mesmos e sermos o que o outro necessita em nós.

Representar, essa parte não pode ser esquecida. Um erro de postura, meio que uma droga, porque é muito bom mas destrói com o passar do tempo. Levei muito tempo para perceber o tamanho desse erro. De ser “ o homem da casa” a ser “tudo de bom” ou muito bonzinho foi quase uma vida. Melhor dizer que foi quase uma perda de vida, ou de tempo, para ser menos trágico. De uma forma lenta, mas bastante consistente, vou chegando num momento em que não preciso ser mais um outro dentro de mim ou “pra viagem”. Quanto mais penso a respeito chego a conclusão que existem dois tipos de coragem. Uma implícita ou instintiva, que nos empurra no enfrentamento das ameaças visíveis, das catastrofes, enfim do que vemos como possibilidade de nos causar dor. E uma outra, que está ligada a pagar o preço da autenticidade e da liberdade de ser e pensar, sob o risco de não ser agradável, nem de conseguir sustentar relações familiares, amorosas, profissionais e etc.

Essa segunda é facilmente subtraída de nós porque o apelo de falar e fazer o óbvio é muito forte e garante uma aceitação que dá bastante prazer. Por mais efêmera que seja. E destrutiva.

Muitas coisas estão bem claras para mim, muitas coisas estão se desnudando em mim, sobre o meu comportamento e meus vícios de postura. Gostaria demais de por nas minhas diretrizes básicas de vida essas coisas tão elementares e tão favoráveis a viver saudavelmente, mas como droga a representação de um personagem é muito forte e quebrar esse círculo realmente é muito difícil.

Hoje a minha incomodação comigo, que gerou todo esse macrodesequilibrio – vamos chamar assim – visto que incorporou todos os pequenos erros de postura, me obrigam, se eu quero ser melhor, a tratamento, físico e mental; a muito mais que entender, por em prática formas de pensar e agir que são a chave de uma vida mais real. Isso está provocando agora outra dualidade. Uma constante mudança de posição, papo de duas personalidades se alternando no controle das minhas atitudes, papo comandado pelo medo de fazer as coisas de outra forma, medo de fazendo o que sinto o certo, provocar o que não quero. Uma solidão muito maior – se é que ela tem tamanho – do que a que eu sinto por tentar ser o que não sou ou não atrai mais o olhar de quem eu quero.

Um ingrediente que não pode ficar fora desse papo é o tempo. Aqui ele passa a ter tamanho e peso. De novo comparando ao vício, não percebi o quanto passou nessa caminhada para o fundo. Mas a partir do momento que percebi meus erros a intolerância comigo mesmo explodiu visto que se eu sou tão esperto para perceber meus erros não posso ser tão obtuso para não corrigí-los. Ou tão fraco.

Mas antes de terminar, não dá para deixar de falar sobre um efeito colateral. Quando eu estava caminhando para ficar ruim, a todo momento alguém me alertava. Primeiro o espelho, depois a balança, o telefone, as pessoas mais próximas, e por fim, o aviso fatal – a solidão. Agora que estou retomando o caminho certo – é o que eu acho – os alertas estão acontecendo novamente. Interessante e óbvio. Sinto aproximar a hora do espelho, oque pode significar o final da subida, vamos dizer assim. Não é o final da história, porque acho que depois que estiver no plano certo tenho que aprender a ficar equilibrado, e a me manter assim. Portanto demora mais algum tempo, mas já não importa mais já que está bem enraizada em mim a idéia e a certeza do melhor jeito de ser. Ou do jeito certo. Mas de novo, agora, aparece o dúbio. Como já disse de outra vez a certeza de que é melhor ficar longe e a vontade dilacerante de estar perto. Pode ser uma provocação, ou um estímulo para botar em prática o que me custou tanto aprender, ou pode ser a hora de tomar uma decisão. Parece a mesma coisa, mas não, tem suas diferenças.

A certeza de que mudo para ser melhor tem que prevalecer, o sentimento que rege a minha necessidade de sobrevivência tem que ser forte o suficiente pra ficar claro que opções contrárias são contrárias também a isso.

Talvez porque o entendimento é que o belo não está no que vejo, mas no que sei e sinto. E na identificação disso com o que me rodeia está a possibilidade de ser bom e feliz.



terça-feira, 12 de maio de 2009

em São Paulo, dezenove horas

Alguém pode estranhar que passam dias sem novos textos e derepente uma enchurrada.
Pode parecer estranho, mas ainda não consigo escrever direto no blog. Adoro uma caneta, papel, a dificuldade pra entender a minha letra, uma revisada básica no que escrevi ( apesar de vez ou outra achar que tem palavra escrita errada ), digitar no editor de texto - sempre altero alguma coisa nesse momento - e depois blog. Ritual da escrita.
Mas todo dia dou uma olhada na página pra saber se tem mais algum seguidor, algum comentário, essas coisas das quais o ego tanto sente falta.
E aproveito para reler o que escrevi, criticar, imaginar como fui capaz, no bom e no mau sentido e ficar imaginando o que vai sair de mim na próxima canetada.
E sempre fico fascinado com o poder das letras, formas tão simples, tão antigas e tão poderosas. Capazes de combinações infindáveis, de significações idem e de não serem percebidas sempre. Tem gente que só reconhece as letras, mesmo assim só 5, nas provas de multipla escolha. Tudo o que vem antes e depois não serve pra nada. Apenas a letra certa dessas cinco tem importancia.
Não param pra pensar que as letras, como os números e os símbolos traduzem tudo que somos, não somos ou seremos. Nos tempos modernos tomam nosso lugar. Tem vida e criam e destroem vidas. E ainda assim são invisíveis para a maioria. E, gozado, quando um Pessoa ou Drumont demonstram suas habilidades com as ditas, o mérito é só deles, não delas.
Mas enfim, Tenho uns quatro ou cinco textos começados, bem pensados e não escritos pra rolar o publicar. Mas ainda estão madurando. Eu mesmo to madurando.
O mundo vai girando, a Lusitana vai rodando, eu vou por ai olhando as coisas e as pessoas, tirando minhas conclusões e jogando tudo na cabeça, sacudindo e esperando a hora que alguma coisa vai ser dita.
Mas por enquanto, em São Paulo dezenove horas. Hora de desligar do Mundo e lembrar que depois tem mais.
Até já.

em tempo: hoje saiu tudo de primeira, no blog, sem revisão e sem razão. A não ser o fato de que to vivo e atento, de caneta na mão.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

creio

Volta e meia alguém descobre algum tipo de eternidade.

Um pneu que não fura, um navio que não afunda, uma verdade.

Todos temos alguma eternidade só nossa.

E todos desconfiamos da dos outros.

O egoismo e a vontade de ser melhor.

É mais um daqueles pensamentos óbvios, mas que só surge quando tenho que optar por perder para ganhar.

Quem é que gosta de abrir mão do que tem, mesmo quando isso significa dar um passo para a frente?

Estou sentindo essa angústia. Hora de dizer adeus e hora de dizer que bom que está mudando.

Não sei se é meu orgulho macho que está ferido, se é uma obsessão descoberta e aniquilada, mas sei que ultrapassar esse ponto é melhorar como pessoa. E é também me afastar mais um pouco daquela imagem idealizada por mim para mim e para nada. Um formato confortável, um quadrado bastante seguro, com todas as justificativas pra continuar encolhido, me achando o máximo, mas invisível pro mundo. Confortável e seguro. Já que não quero e não represento mais papéis para agradar os outros. Devagar e com constância vou demolindo esse muro que me separa da realidade. E quanto mais fico exposto e quanto mais vejo o que há do outro lado, essa angústia vai crescendo.

Agora começa a aparecer algum indício dessa mudança. As coisas que vão se materializando, vão mostrando que é para melhor. Ver direito é muito bom, mas não permite mais sonhar nem me enganar. E a lógica construída pra me enganar é tão perfeita que nem há como não me sentir perdido entre esses dois mundos.

Interessante é saber que a nova figura que os outros veem é agradável e simpática. Me surpreende. Me dá alguma sensação de bem-estar. Mas acho que queria as duas coisas. Por isso o egoismo. Queria ser o bonzão sem ter que admitir que estava errado.

Parece que ser normal não é ser Deus. Mas não somos deuses e astronautas? Viajando no nosso desejo e contando pro mundo como é a melhor viajem que alguém pode fazer.

Viajem solitária.

Já na viajem coletiva tem que haver os erros e os consertos de caminho e de postura. Das acomodações e reavaliações surgem os saltos e descobertas pro que no final significa ser melhor. Mas o egoismo parece ser a última barreira a ser rompida. Porque na minha caminhada ele sempre aparece me questionando: mudar pra que, se eu sou tão bonzão.