domingo, 26 de abril de 2009

errata

Essa tal nova ortografia serve pra quem não sabe escrever continuar não sabendo e quem sabia, já não saber mais.
Eu como estava no meio do aprender, até me achando meio inteligente, sou obrigado a chamar, daqui pra frente, tudo que estiver errado na minha escrita de licença poética.
Ou como disse alguém antes de mim, pode estar errado, mas é meu.

Se alguém conhece quem estava indo pra Portugal, Moçambique, Angola e outros portugueses de além-mar, aprender o português, tira uma foto e me manda. E na volta do dito pergunta se bicha deixou de significar fila e/ou esses maneirismos todos deixaram de existir.
Tanto faz se com ou sem acento.

domingo

Tinha domingo que dava raiva quando acabava de tão bom que era. Bem diferente de hoje. Parece que dormi na sexta para acordar na segunda.
Durante a semana é mais fácil sumir, invisibilizar-se no meio dos outros. É difícil decidir quando já não sei mais.
Porque querer o bem gera tanto ódio?
Domingo de solidão dá vazão para buscas e descobertas sobre nós e o mundo: conviver é possível!
Domingo é o dia de emparedar-se entre a certeza de que é melhor ficar longe e uma vontade dilacerante de estar perto.
Mas tem coisas boas também. É o dia no qual percebi que posso seguir em frente, afinal estou livre.
Até amanhã.

E apesar do sofrimento, como é bonita a tradução dessa dor.

terça-feira, 21 de abril de 2009

sensações

Estava acrescentando fotos da Gilberta, minha filha, no orkut e, inevitavelmente, voltou a imagem da primeira vez que a vi.
É, mãe tem filho. Pai descobre. Ou se descobre pai.
O nosso encontro foi bem legal. Eu estava no corredor, ainda meio puto porque não pude acompanhar o parto, que tinha começado fazia uns 20 minutos. Então sai um médico ou enfermeiro - só lembro que estava paramentado de sala de cirurgia - com ela nas mãos.
Ela, uma bolinha de cabelos pretos e rosto inchado com duas bolas enormes e curiosas e azuis. Era o que dava pra ver. Mas não precisou mais. Ali, naquele momento ficamos acertados. Eu pelo menos senti isso. Deve ter sido a primeira vez que me senti pai. E pensei: legal, tá tudo certo e vai dar tudo certo e vai ser muito bom ( só lembro dessa parte, passou mais coisa pela minha cabeça. mas emoção e etc e tal me atrapalham a memória ).
O tempo foi indo, nós junto com ele. teve um período que fui muito pai, teve um período que poderia ter sido mais. Não é que eu quisesse ser perfeito, mas também não precisava ter feito certas bobagens que fiz.
Hoje essa lembrança não é prestação de contas, muito menos despedida, mas é a primeira vez que escrevo sobre isso. Por que ficou pra mim que ninguém nunca vai entender o que eu senti no nosso primeiro encontro.
Existe amor a primeira vista. Tem uns que são eternos enquanto duram e tem uns que são eternos enquanto o tempo existir. E esse é um que vai continuar depois de mim, espero que depois dela tambem.
Nesse filme que passou na minha memória, na vontade que dá de voltar e viver tudo de novo, nessa certeza de que não poderia ter sido melhor o nosso primeiro, segundo, terceiro e infindáveis encontros aparece uma saudade enorme e um egoismo maior ainda de querer parar o relógio, ou começar tudo outra vez.
Então fica a promessa que todo dia é um recomeço, primeiro pelo olhar, pela telepatia que comunica que tá tudo certo e que vai ficar assim; e depois de passar a alegria de vê-la o orgulho vai ser bem alimentado pelas confirmações de que realmente naquele nosso primeiro encontro estava conhecendo um pessoa muito especial, que o que senti era o certo, talvez só um pouco modesto.
Porque, pode ter certeza, ela é demais.

domingo, 19 de abril de 2009

sentidos

Eu não sei mais,
talvez porque saiba pouco
ou porque não sei tudo.
Certezas são efemeras
e quem não acha isso
pode até achar que sabe tudo,
mas precisa é aprender mais,
descobrir que o que sobra é pouco.
Dúvidas não são passageiras,
são condutoras, nos dizendo
um pouco de tudo pra sermos mais,
mas nunca que sejamos tudo.

Suficiencia não é ciencia.
É sabedoria na dose exata
é perceber o que é real,
entender que nada é final.
Um passo de cada vez,
uma vontade após outra,
para aprender que o limite
está atrás da próxima porta.
Na ganancia qual é esse limite,
se é porta sem tranca, não divide.
Um jeito cego de ter o que existe,
como busca insana de ser normal.